terça-feira, março 29, 2005

Museu da Marinha

Uma das viagens de infância que recordo com mais saudade levou a família, conduzida pelo pai extremamente patriota e zeloso da educação dos filhos, a Lisboa. Lembro-me que era uma cidade enorme, em que os táxis tinham umas luzes no tejadilho e em que os “comboios” circulavam nas mesmas estradas dos carros. Um espanto total para uma criança da provìncia. Confesso que sendo nascido e criado perto do Porto a minha primeira memória do eléctrico foi gravada numa visita a Belém, por muito estranho que agora isso me pareça. Em Belém o nosso cuidadoso guia lá nos ia informando dos locais que estavamos a ver. Palácio, Museu dos Coches (antigo Picadeiro Real), Convento dos Jerónimos, mais acima Palácio Nacional da Ajuda, depois e voltando ao rio o local onde foi feita a Exposição Universal do Mundo Português na pujança do Estado Novo, até chegarmos ao Convento dos Jerónimos e, finalmente, ao Museu da Marinha. Fascínio. Acho que é esta a palavra que melhor descreve um miúdo de uns oito anos a entrar num maravilhoso mundo onde existiam barcos em miniatura, barcos enormes, trajes de marinheiros, espaços que nos faziam entrar em iates reais, salas enormes cheias de “brinquedos” que queriamos levar para casa e ter. É esta a imagem que ainda guardo do Museu da Marinha. Hoje em dia está mudado, ao contrário do que muitos pensam os museus também têm uma evolução. São organismos vivos que se transformam e adequam às exigências dos tempos. Mas confesso que mantém a mesma alma. Visitei-o, há uns meses, com olhos de profissional e receoso que a visão de meninice desaparecesse. Sei agora que não poderia acontecer, nunca perderei aquela memória. O Museu da Marinha terá, como muitos outros, vários problemas aos olhos da Museologia e das condições que oferece a quem o visita, mas o fascínio dos miúdos que por lá vi pareceu-me o mesmo. O meu ainda continua a ser.

terça-feira, março 22, 2005

Simon Thurley entrevistado pelo Público

Esteve em Lisboa o presidente do English Heritage, Simon Thurley, também ex-director do Museu de Londres e em entrevista ao Público afirmou a vontade da instituição a que preside de aprender com o IPPAR alguns aspectos da forma como classificamos o património. Em época de profundo negativismo em relação a tudo o que fazemos é sempre bom ouvir pessoas credenciadas a referenciar mérito onde de facto ele existe. Claro que os atrasos na classificação do património pelo IPPAR também foram criticados, mas esse é apenas um aspecto a melhorar rapidamente. Entretanto gostava de partilhar com vocês a resposta que Simon Thurley deu à seguinte pergunta da jornalista Lucinda Candeias do Público. "O que é que define o património? As pessoas. Há dois erros comuns no que diz respeito ao património. O primeiro é pensar que é sobre edifícios - é sobre as pessoas e o que elas investem nos tijolos. O segundo é pensar que é sobre o passado - é sobre o futuro, o que ficará depois de nós desaparecermos." Fácil de perceber, não é!?

segunda-feira, março 21, 2005

Museums & Heritage Show

Em Londres, nos dias 11 e 12 de Maio deste ano, decorre a edição de 2005 do Museums & Heritage Show. Penso que será uma dos mais importantes mostras mundias relacionada com o mundo dos museus e património. Empresas de tecnologia, restauro, informatização e digitalização de património, tecnologias aplicadas às exposições, etc. tem o seu lugar cativo nesta exposição. É de não perder. E sempre são uns dias em Londres, não é!?

quarta-feira, março 16, 2005

Museu de Aveiro

Uma falha imperdoável. Este blog deveria ter começado com um "post" de homenagem a este Museu. Mas ainda vou a tempo de fazer justiça. O Museu de Aveiro, fundado em 1911 nos tempos da 1.ª República, ocupa o antigo edíficio do Convento de Jesus da referida cidade. Fundado por senhoras nobres, este convento sempre gozou de proteção régia e papal e viu a sua importância crescer com a ida da filha de D. Afonso V, a Princesa Santa Joana, para os seus claustros. Esta princesa teria um papel determinante na história de Aveiro, sendo que se tornou padroeira da cidade e é, ainda hoje, venerada por muitos a cada 12 de Maio. As colecções do Museu de Aveiro são compostas, como seria de esperar, por colecções provenientes do extinto Convento de Jesus (foi um dos que se extinguiram com o fim das ordens religiosas decretado em 1834), mas também existem peças de outras proveniências, entre as quais se destacam os outros conventos da cidade extintos pela legislação liberal Pintura, da qual gostava de destacar uma Virgem do Leite que sempre me fascinou, escultura, talha (uma capela Barroca que é um dos melhores exemplares do género em Portugal), gravura (por esta tenho um carinho muito especial e não queria destacar nenhuma das peças), cerâmica e azulejaria, têxteis (tem fabulosos exemplares de panos de armar, entre muitas outras peças), desenho, livro antigo (onde se destaca a crónica do convento) entre muitas outras colecções desde a arqueologia, passando pela numismática e acabando na escultura de pedra, são as colecções que podem encontrar neste museu. Para mim será sempre o melhor museu do país... mesmo conhecendo outros com mais condições fisicas, com melhores programas museológicos, com mais pessoal, com mais dinheiro... este museu, perdoem-me, o meu Museu é o melhor de todos. Foi lá que aprendi as bases, foi aí que consegui aplicar pela primeira vez os míseros conhecimentos que trazia da universidade, foram as pessoas do Museu que me mostraram como se pode ser competente e eficaz trabalhando com o mínimo de recursos (ou mesmo sem nenhuns). Por tudo isto só vos posso recomendar uma visita... ou melhor, a primeira visita!

Governos e Cultura

Em tempos de governo novo queria deixar aqui uma esperança manifestada. A esperança que se olhe, ainda que em díficil tempo nas finanças, com mais respeito e perspectiva de futuro para a nossa herança cultural. É triste ler o Expresso e deparar-nos com dificuldades financeiras em todos os organismos estatais que gerem o património português. Torre do Tombo, IPPAR, Instituto Português de Museus, IA, enfim todos, imagino que se qualquer excepção, se debatem com problemas gravíssimos de ordem financeira. Não haverá formas de tratar melhor o nosso património!? Concerteza que as há... basta que este novo governo assim o queira. Eu tenho essa esperança.

quinta-feira, março 10, 2005

Museu da Farmácia

Mais um dos excelentes museus portugueses. O museu da Farmácia é uma instituição criada pela Associação Nacional de Farmácias (ANF) com o objectivo de reunir na sua colecção objectos que representem a história da farmácia e dos cuidados de saúde ao longo dos séculos. Neste momento conta já com uma das melhores colecções do género em todo o Mundo, fruto de uma política de aquisições coerente e capaz, a par de um empenho, poucas vezes visto, da parte da instituição que tutela o Museu. Uma palavra de apreço ao director do Museu pela simpatia com que recebe e pelo contributo que o seu trabalho é para a história da farmácia no Mundo. Para visitar basta que façam uma visita a Lisboa e depois de aproveitarem as maravilhosas vistas do Miradoiro de Santa Catarina, comendo uma tosta mista de pão saloio, se dirijam à Rua Marechal Saldanha, n.º 1. É mesmo ali ao ladinho! Visitem e aproveitem...

Museu Calouste Gulbenkian

A partir da última vontade de um homem soberbo nasceu em Portugal, através do empenho e dedicação de um outro (José de Azeredo Perdigão) a Fundação Calouste Gulbenkian. Sendo considereada por muitos como um verdadeira Ministério da Cultura (e assim o foi e continuará a ser durante anos e anos), a fundação Gulbenkian tem a seu cargo uma das mais importantes colecções reunidas no século XX por um só homem. A colecção do Museu Gulbenkian, um dos mais notáveis museus europeus, permite fazer uma viagem pelo melhor que se fez nos mais diversos domínios artísticos ao longo da evolução humana, graças à preocupação absoluta de Calouste Sarkis Gulbenkian em reunir, na sua colecção de arte, apenas o melhor. 1942 é o ano a reter. Nesta data fixa-se em Portugal até à data da sua morte, 13 anos mais tarde. À nossa hospitalidade se deve a vontade de nos presentear com a sua colecção e com uma fundação que tem um papel fundamental no desenvolvimento de Portugal. Muito obrigado "Senhor 5 por cento"!

Museo de Pontevedra

Não vos posso colocar o Link do Museo de Pontevedra, porque a página da instituição está com problemas. No entanto, não posso deixar, ainda que se trate de um museu espanhol, de vos recomendar este museu. Uma excelente colecção que abarca áreas como a pintura, escultura, fotografia, arqueologia, entre muitas outras e que conta com uma biblioteca e um centro de documentação fantástico. Se por acaso passarem pela Galiza, não deixem nunca de o visitar. Fica mesmo no centro da cidade de Pontevedra (que tem um centro histórico muito interessante) e podem sempre aproveitar para comer num dos muitos restaurantes que existem por perto algumas das mais afamadas iguarias galegas. Pesquisando no Google por "Museo de Pontevedra" encontram todas as informações necessárias. Deixo aqui uma imagem para que possam identificá-lo!